6.15.2004

Numismata

Ouçam Numismata

Indulgente

Se a felicidade viesse num samba de roda
Num mote doído fingindo ser maracatu
Tropeçando em poesia
Como quem tropeçasse num rastro a procura de amor
Um choro contido, calado no fundo do peito
Implorando o respeito daquela que então desdenhou
A solidão não poderia
Conter a progressão de alegria com acorde menor.

Quando chora o meu pandeiro
Ah, ninguém cala o meu sofrer.
Seu sofrer é passageiro
Ah, em matéria de dor eu sou mais eu.


Se a felicidade calasse a servil melodia
E a invadisse de filosofia de botequim
Se imbuísse meus dedos cansados de diplomacia
Com o vigor das palavras que então nasceriam de mim
Se preenchesse meu peito vazio de sutil ironia
E, sutil, revirasse do avesso o que dou valor
A solidão não poderia
Conter a progressão de alegria com acorde menor.